Sereno
Sob o escuro céu noturno As cores se esvaem delicadas Numa sombra de tom soturno As brisas me sopram geladas Cascateia o frio vazio da madrugada Com o vento de um sereno de geada Derramara sobre mim as flores da noite Para que esta solidão por hora se amoite Quando lembro-me das linhas vagas Em desamarrados laços de linhas escuras Como o frio da brisa que me toca as chagas Em um sereno profundo, agudo de lonjuras A bondade deste vento lento e lancinante Correndo pelas linhas destas faces de infante Meus olhos cerrados no cansaço da madrugada Como o cair do brilho desta cor imaginada O frio que me conforta o peito neste sereno Contando as horas lentas a preceder a aurora Quando chega o sol queimando a memória Enquanto me aqueço no frio tão ameno O sereno da noite é a benção da hora escura Quando brilha a luz num clarão que não se vê E eu a desnudar o peito sob o céu de alvura Escrevendo nestas linhas um amor que não se lê