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Foto do escritorEmmanuel Prado

Rosto




E o teu rosto é poesia

Que a minha noite esfria

E teu rosto é poesia

Da mais pura dureza vazia


E o teu rosto é uma lembrança

Viva, enquanto eu morro

Na saudade, me contorço

Porque me lembro do teu rosto


E a minha noite era tranquila assim

Sem você para fazer companhia

E eu não mais escrevia poesia

E não havia algo de você em mim


Agora me dobro esta noite

O teu rosto me assombra agora

Como os cabelos cacheados

Que repousavam no meu peito


E teu rosto é o desespero da saudade

Que eu choro e você não sabe

Nem de longe a pequena metade

Das vindouras profusas lágrimas


E esta noite me foi assim

A sonhar com tua feição, alegre

Enquanto a tristeza a mim fere

E eu desejo para sempre o teu fim


Que não voltes nos meus sonhos

E me deixes viver eternamente

Com a paz da solidão que me deixaste

E não com a saudade que amarraste


E teu rosto é poesia

Pois só com ele escrevo as coisas, agora

Só quando esta face se renova

Revelo as findadas dores na aurora


E sei que minhas palavras são somente minhas

E tuas saudades, não as sente, sei assim

E nem sonhas pelas madrugadas repetidas

As minhas feições, tão doces destruídas


E o teu rosto é poesia

E o meu rosto é pranto

E o teu rosto é dor e agonia

E o meu... um mar de desencanto

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