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Foto do escritorEmmanuel Prado

Obra


Hoje ponderei sobre o meu ser

Minha delicadeza excessiva

Minha saudade expressiva

Quanta tristeza a saber


E hoje eu pesei tantas palavras

Dolorosas e vazias

Incertezas tão perenes

Na frieza destas sirenes


Como uma madrugada mal dormida

Em palavras repetida, repetida, repetida

Imprecisa em minhas saudades

E meus desejos e iniquidades


Pois às vezes o que quero é tão distante

Em imagens incessantes e frustrantes

De vazios imprecisos que eu vejo

A morrer tão longe o meu desejo


E ele se agarra neste vazio impassível

Como se o meu ceder fosse impossível

E eu não sei a que devo alguma insistência

Nesta imprecisa vagarosa temerosa indecência


E meus poemas aparecem todos raros

Em minhas saudades tão amaros

E cuspi-los doutra vez seria assim

A desgarrar deste âmago de mim


E não sei porque sou como sou

Nos meus desejos se pesou

Este eu tão delicado, entregado

A uma finura tão vazia, fantasia


E eu a desejar que fossem

Doces como eu

Mas não sou doce, não o meu

Coração, e também não o sei


E agora desejo algo imperfeito

Que me é fugidio e impreciso

Um desejo meu a ser desfeito

Num rosto que não vejo


E este é um lampejo

De não saber desejar, amar

Ou qualquer coisa no meio

Que exista entre o sonhar

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