Hoje ponderei sobre o meu ser
Minha delicadeza excessiva
Minha saudade expressiva
Quanta tristeza a saber
E hoje eu pesei tantas palavras
Dolorosas e vazias
Incertezas tão perenes
Na frieza destas sirenes
Como uma madrugada mal dormida
Em palavras repetida, repetida, repetida
Imprecisa em minhas saudades
E meus desejos e iniquidades
Pois às vezes o que quero é tão distante
Em imagens incessantes e frustrantes
De vazios imprecisos que eu vejo
A morrer tão longe o meu desejo
E ele se agarra neste vazio impassível
Como se o meu ceder fosse impossível
E eu não sei a que devo alguma insistência
Nesta imprecisa vagarosa temerosa indecência
E meus poemas aparecem todos raros
Em minhas saudades tão amaros
E cuspi-los doutra vez seria assim
A desgarrar deste âmago de mim
E não sei porque sou como sou
Nos meus desejos se pesou
Este eu tão delicado, entregado
A uma finura tão vazia, fantasia
E eu a desejar que fossem
Doces como eu
Mas não sou doce, não o meu
Coração, e também não o sei
E agora desejo algo imperfeito
Que me é fugidio e impreciso
Um desejo meu a ser desfeito
Num rosto que não vejo
E este é um lampejo
De não saber desejar, amar
Ou qualquer coisa no meio
Que exista entre o sonhar
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