Eu acreditava que amar era jardim
Mas jardim aprisiona as flores
Que ilusão tão doce é esta
De querer aprisionar meus amores?
Meu amor é como o lírio no campo
Mesmo que só, está na imensidão
É como o canário vívido no tempo
O amar é doce liberdade do coração
Quem ama preso já não sabe amar
Quem prende o que ama, nunca amou
Se o que há é amarras num coração
É solidão, pecado de ciúme que sobrou
Mas o amar é o doce vento da bruma
É a alegria de saber que amada é uma
Mas uma única para aquele único amor
E outros, se vierem, únicos no seu calor
Mas o amor não é prisão, mágoa ou dor
Mesmo que não sejamos amados, meu bem
O meu amor é de mim, deste meu mundo
Se alguém não o quiser, enriquece meu profundo
Se meu coração não quiser amar alguém
Há pouca via para alegria assim também
Pois estar sem amor é como morrer devagar
Há que pelo menos alguém na vida amar
Que eu ame a Poesia que resta na saudade
Ela mesma, desde minha pequena idade
Que me cerca de melodias quando estou só
Mas que jamais tem comigo por algum dó
Se eu estou solitário na ausência de um amor
Que dócil se tornam meus poemas, oh sim
Eles podem ser de fato um pequeno jardim
Para capturar o sentimento que esvai de mim
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