
Meu passado escrito num verso enigmático
Meu coração entrelaçado num caminho
Minhas linhas num pulsar agora estático
De vagar nas ondas do mar tecido de linho
A rosada flor emaranhada no meu passado
A pétala delicada na rosada cerejeira
Da raiz tão rígida um marrom despedaçado
Nos distantes da minha alma a sua fronteira
Divididos mundos tão solitários pela madrugada
Altas horas deixadas sob o brilho de um rosário
Da cor de lábios delicados de um beijo solitário
Numa flor de cerejeira uma virgem despetalada
Meu amor era agora uma flor sem cores delicada
Meu amor agora era uma vida toda esquecida
Minha amada mais querida uma estátua petrificada
Pétreo marmóreo momento da vida esculpida
Meu cinzel de versos num trabalho sem alento
Perdidamente brota numa linha o meu intento
As sementes de uma flor agora mumificada
Num voo etéreo sob as estrelas vitrificadas
Frágil flor desta companhia da minha loucura
As doces flores crescidas na minha mente
Os perfumes dos beijos doces de lábios quentes
Em que se entregam os teus seios de ternura
Quantas flores doces nesta minha cerejeira
Rosada flor num momento de tristeza derradeira
Quantas cores macambúzias enclausuradas
Vendo as minhas fulguras todas derramadas
Quando brotar nesta árvore o meu sincero cortejo
As fúnebres flores esquecidas agora no meu corpo
Cobriam as túnicas alvas num momento absorto
Dos teus pensamentos o que esqueço é meu ansejo
Encontro nesta flor de cerejeira minhas memórias
Perdidamente apaixonado pelas minhas glórias
Imaginário mundo perfeito que no íntimo construí
Por dentro dos meus olhos o triste que jamais sorri
Minhas lembranças rijas num brilho sem aurora
Caído nos teus beijos os meus lábios de outrora
Sempre a flor dos ritmos sonsos deste meu poema
A saudade dela será para sempre o meu tema
Que a solidão que assola a flor de cerejeira
A minha alma, a solitude simples padroeira
Zelosa do meu torpor na madrugada tão gelada
Às portas dos meus sonhos pela minha namorada
Que alvura cristalina dos teus olhos brilham lá fora
As tristezas dos meus sonhos sem teus castanhos
As minhas sombras de cerejeira que já não mais flora
Sob o rosa do luar nos meus poemas tão estranhos
Teus cabelos de flores rosadas nos meus olhos nus
O teu beijo tão querido que não provo e me seduz
Que as flores não se apagam como as estrelas solitárias
Dentro dos teus olhos do amar as linhas tão precárias
Quereria as minhas flores de cerejeira cristalina
O desejo dos teus laços desde quando pequenina
Minhas alvuras solitárias nestas noites de poesia
Ao rever no mar as minhas flores a boiar de maresia
A minha maravilha é a rima que se cria
Quanto mais me perco nos teus olhos de ondas
Não quero mais que entre as flores te escondas
As minhas rosas límpidas eram a doce maestria
Que eternidade ao resplandecer desta noite escura
As minhas flores de cerejeira na tua alma de alvura
O claro dos teus olhos tão caídos sob os meus
Dentro dos olhares destes beijos que são teus
Como provar dos lábios o doce mel
As vitrines do paraíso a despencar do céu
Quem me dera um toque pronto a te esgueirar
Em perfume desta cerejeira a me retesar
Projeto-me nas flores desta clara cerejeira
As rosáceas linhas do meu rosto a fraquejar
Sob os teus olhos deste abismo à beira
Entrecontando as linhas solitárias do luar
Que as minhas flores de cerejeira de martírio
Dos desejos dos teus lábios os meus delírios
As saudades dos meus sonhos nos momentos
As cores desta cerejeira sob os meus sofrimentos
Minha loucura sob as ondas tristes a pratear
Na saudade destas minhas flores de cerejeira
Numa ternura numa flor tão cálida e traiçoeira
Nos truques infelizes tão frágeis a se enganar
Minha flor de cerejeira como estrela no firmamento
Ela é a mais pura saudade, o meu único sentimento
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