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Foto do escritorEmmanuel Prado

Ano velho



Este ano foi-me desencanto

Perdi as coisas que amava tanto

Perdi tempo, energia e vida

Das coisas que buscavam saída


Desembaraço dos meus dias

Coisas amadas por que sofria

Mesmo assim amei-as ao fim

E chorei tanto, tão só assim


Ano velho tirou-me o emprego

As aulas que eu tanto amava

Por coisas que disse no desespero

E perdi a oportunidade que chamava


Ano velho tirou-me o amor doce

Amor tão delicado em meu peito

Amor que preenchia o meu leito

Amor de morena, que amargura


Ano velho tirou-me amizades

De cabelos coloridos e risos

Amiga de sair no escuro da cidade

E dançar e cantar sem ter medo


Ano velho tirou-me a professora

Que tanto calado eu admirava

De inteligência profunda delicada

Vi-a gritar de ódio, desesperada


Ano velho tirou-me um tio

Amado tio, tão forte ele era

E seus amados em prantos

Meu coração partido tão cedo


Ano velho, quero que vá embora

Pois minha alma agora só chora

Desejo que chegues logo ao fim

Sem tirar mais um pedaço de mim

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