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Foto do escritorEmmanuel Prado

Ruínas



Um horário travado pelo compromisso

Nas rédeas de um destino indomável

Com aquele seu fulgor incomparável

Uma trégua num momento submisso


Que perdição vaga neste instante escuro

Nas acinzentadas linhas desta cidade

Na inescrupulosa face de um olho impuro

Perdido em meio a centenas de calamidades


Entre a desolação e o vazio está o arco

Onde poucos homens fazem o seu marco

Cujas linhas inalcançáveis são o parto

De onde nasce um ser de toda vida farto


Cansaço entre as alvuras cristalinas

Entre as fúnebres ruas pequeninas

Onde as tortuosas curvas e os becos

Misturam-se neste meu falar tão seco


Ao remédio amargo desta minha solidão

Por onde vago nos corredores urbanos

Aos laços repetidos de traços mundanos

Ruelas em que se perdem as vias da paixão


Fluxo do trânsito lento e engasgado

Deste meu olhar agora enferrujado

Que estranheza é esta que assola

Das janelas a face que se embola


Os olhares vazios das paredes tão quebradas

Entre as vias de um caminho agora esquecido

Entre mil pedras rachadas, abertas no tecido

Desta vã caminhada pelas ruas tão abandonadas


O coração é como andarilho esfarrapado

De todas as tristezas ele fora despojado

Que vagueia nos caminhos entre as almas

Buscando o toque delicado destas palmas


Sentido como a clareza de um astro reluzente

Vagando num pequeno mundo decadente

As doces obras de um ser inanimado

Dentro de traços por linhas abarrotados


Errante pelas linhas tortas de uma ruína

Perdido entra as pedras desta minha sina

Que a pena que deseja tanto se sobrepujar

A toda obra que não se possa soletrar


Rondando por entre as margens de um edifício

Aonde se perdem os corações tão cansados

Nas ruínas da solidão estão agora enclausurados

E meu peito perambula no entremeio do suplício


Ao fim da rua tão vazia e pouco povoada

Onde eu havia perdido aquela doce revoada

Pela qual se erguia o voo de um ser misterioso

Que resta apenas nas cinzas do relevo rigoroso


O túmulo destas ruínas tão dilapidadas

De mil e mil almas de tristezas tão profundas

Onde vagam as flores agora tão corcundas

Até o nascimento destas rosas enletradas

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