Um horário travado pelo compromisso
Nas rédeas de um destino indomável
Com aquele seu fulgor incomparável
Uma trégua num momento submisso
Que perdição vaga neste instante escuro
Nas acinzentadas linhas desta cidade
Na inescrupulosa face de um olho impuro
Perdido em meio a centenas de calamidades
Entre a desolação e o vazio está o arco
Onde poucos homens fazem o seu marco
Cujas linhas inalcançáveis são o parto
De onde nasce um ser de toda vida farto
Cansaço entre as alvuras cristalinas
Entre as fúnebres ruas pequeninas
Onde as tortuosas curvas e os becos
Misturam-se neste meu falar tão seco
Ao remédio amargo desta minha solidão
Por onde vago nos corredores urbanos
Aos laços repetidos de traços mundanos
Ruelas em que se perdem as vias da paixão
Fluxo do trânsito lento e engasgado
Deste meu olhar agora enferrujado
Que estranheza é esta que assola
Das janelas a face que se embola
Os olhares vazios das paredes tão quebradas
Entre as vias de um caminho agora esquecido
Entre mil pedras rachadas, abertas no tecido
Desta vã caminhada pelas ruas tão abandonadas
O coração é como andarilho esfarrapado
De todas as tristezas ele fora despojado
Que vagueia nos caminhos entre as almas
Buscando o toque delicado destas palmas
Sentido como a clareza de um astro reluzente
Vagando num pequeno mundo decadente
As doces obras de um ser inanimado
Dentro de traços por linhas abarrotados
Errante pelas linhas tortas de uma ruína
Perdido entra as pedras desta minha sina
Que a pena que deseja tanto se sobrepujar
A toda obra que não se possa soletrar
Rondando por entre as margens de um edifício
Aonde se perdem os corações tão cansados
Nas ruínas da solidão estão agora enclausurados
E meu peito perambula no entremeio do suplício
Ao fim da rua tão vazia e pouco povoada
Onde eu havia perdido aquela doce revoada
Pela qual se erguia o voo de um ser misterioso
Que resta apenas nas cinzas do relevo rigoroso
O túmulo destas ruínas tão dilapidadas
De mil e mil almas de tristezas tão profundas
Onde vagam as flores agora tão corcundas
Até o nascimento destas rosas enletradas
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