
Arte de Irina Laney
Às vezes creio que deva deixar morrer
Coisas das quais não há o que fazer
E se assim pudesse eternamente ser
Eu não choraria a ternura deste viver
Como os dias são longos agora
Somem no raiar doce da aurora
E as minhas poesias tão delicadas
Soavam num mundo, desnudadas
E meu coração já foi mais doce
Lembro-me, por pouco que fosse
Dias em que melodias me alegravam
Onde as memórias longe passavam
Os sonhos que tenho, poucos tão sós
A revelar no mundo estes meus nós
Como se eu estivesse amarrado e perdido
Num mundo que me havia esquecido
Ah, se eu esquecesse de tudo, assim
Num finito indizível sem fim
E tudo passarinhasse como um véu
A desenhar meu rosto choroso no céu
Quereria ser para sempre a lonjura
Esta que tanto me cansa e desalenta
Quando pranteio nas margens ternura
De meu coração em água turbulenta
Sou um rochedo sobre o mar despencado
E minhas rochas neste mar afogado
Águas que me batem quando não espero
E sobre este mundo choro, tenro desespero
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