Sentado ao lado de um vidro cálido
Manchado o espelho de tristezas agora
Auroras perdidas, memórias que foram embora
Como a melodia distante que não tem mais voz
Sua luz ascendeu-se como um arco pálido
Desenhado nas alvuras dos gritos de adeus
As marcas dos desenhos nos melódicos teus
Meu coração confortado pela lembrança, aos pós
Como poeira desfalecida, desmanchada numa sacada
Minha melodia ainda mais amada, numa saudade esquecida
Como se fosse a luz do meu mundo, em melodias de um segundo
A pairar nas portas de imensidão, a cantar para o universo em vastidão
Como jamais conhecer-te eu poderei, nem cantar contigo ainda mais
Meu sonho de criança agora se desfaz, nas minhas lágrimas de despedida
Como quererei cantar uma vida de uma arte, um artista que não via
O artista vê num mundo de tristezas tanta escuridão, e o colore de alegria
Como se pudesse ao seu próprio mundo apagar, transformar, repaginar
Como se pudesse, ao seu próprio temor, sua própria amargura recantar
Mas o mundo de dentro de si é inacessível, jamais verão as cores do impassível
Muito mais ainda quando as lágrimas desta minha saudade a cantarolar
Como cantarei das minhas belezas incertas, se agora meu mundo é memória
Lembrança de quando esperava ansioso por melodias e novas histórias
Quando cantei junto ao som de um passo largo, um sorriso alvo de infante
As minhas alegrias pequeninas, as minhas lonjuras e meus choros de amante
Como em baladas a aninhar meu coração num toque solitário, para sempre
Meu poema perdeu as rimas, estridente de vazio está meu peito, no momento
Destacado meu intento, minhas tristezas de pequenezas tão miúdas e infindáveis
Percebendo que meu fim, tão pouco diferente parece se traçar nas minhas linhas
Como pendurar-me ao lado de um som que não mais se escutará
Amarrado à garganta como um suplício de vontades, socorros por chamar
Minhas memórias atadas às lembranças tão distantes de quando eu pude ouvir
Agora ficam as lembranças, as tatuagens da tua voz em minha alma a se partir….
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