Amor mudo, que não sabe falar
Amor cego, que não vai me enxergar
Amor surdo, que jamais me escutará
Que amor é esse, que não sabe amar?
Meu peito é inchado e delirado
Das dores que não sei narrar
Mas que Amor tão duro, mármore
Amor esquecido, que não se demore
Mas que tristeza profunda a farfalhar
Meus olhos que navegam tempestades
Minhas pálpebras se fecham no esvoaçar
Das incertezas que não sei me encontrar
Mas que Amor vazio, distante de mim
Amor sem fim, razão que nele não há
Amor que eu não sei mais de onde amar
Amor tecido e rasgado na malha de cetim
Amor cansado, debruçado na sacada
Amor de aurora, que morre na luz solar
Amor derramado, na solidão a despencar
Amor amargo, numa alma estraçalhada
“Você vai me deixar te amar?”
Amor que não quer poetizar
As lonjuras do meu caminho
Amor que é só, tão sozinho
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